quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Crônica


♥ ♥ ♥

Não foi por acaso que ele estava ali, muito menos por conveniência. Foi apenas pelo fato de estarem inseridos no mesmo ambiente e dividirem a mesma realidade. Talvez se ela estivesse em outro estado, encontraria outra pessoa que despertaria nela os mesmos sentimentos.
Por este motivo ela não acreditava que ele era o único por quem se interessaria, mas sabia que naquele momento era ele quem perturbava os seus pensamentos.

Sempre muito pé no chão (enterrados, na verdade) fingiu não notar o interesse do rapaz e nem criar qualquer expectativa. Ele entretanto, a observara e podia descrever, com detalhes minuciosos, toda a movimentação da moça, desde os dez minutos em que dividiram o mesmo espaço.

Como já se conheciam de um aniversário de um amigo em comum, começaram a conversar sobre assuntos triviais: tempo, faculdade, amigos em comum, família. A conversa se estendia e se aprofundava, até que o rapaz perguntou sobre os relacionamentos amorosos da moça.
Ela desconversou, ruborizou as bochechas e saiu pela tangente.
E ele insistia. Com persistência, colheu informações suficientes para começar de novo e instigar novas respostas.

Depois de experiências frustradas, ambos deram-se oportunidades.
Oportunidade de desfrutar de um sentimento que os tornaram bobos, infantis, idiotas, mas únicos. A tal da Paixão.
Agora eles estão com outros objetivos: tranformá-la em Amor.
O mais bobo de todos, se assim for possível.

♥ ♥ ♥

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Cobrança

É incrível como as pessoas têm o dom de concentrar-se na vida alheia.
Não contentes, precisam alimentar-se do reflexo do outro, já que não conseguem ser o próprio espelho.

Num desses fins de tarde, no meu momento filosófico, sentei na sacada olhando pro nada e pensei: “Isso não vai acabar nunca?” E eu mesma concluí : “– Não! Pelo menos enquanto existir pessoas!” Isso. Mas isso o que?
A cobrança.
Numa linha cronológica e num ciclo vicioso ela sempre existirá, quer ver só?

Logo na idade pré-escolar seus pais lhe cobram um desempenho escolar acima do vermelho. Então, empenha-se todo o esforço e colecionam-se notas azuis.

Caminhando no tempo, chega a fase do vestibular, e antes mesmo de você decidir uma profissão já chove perguntas do tipo: já decidiu que carreira seguirá?
Escolhida a profissão, graduada e com o diploma na mão, as interrogações voltam: E agora que você se formou, vai trabalhar onde?

Concomitantemente ao lado profissional, o namoro vai de vento em polpa...até surgir :
“-Noooossa, faz tempo que vocês estão juntos né? Pretendem se casar quando?”
Casada, alguém solta: “- Já tá na hora de ter um bebê, está nos planos do casal?”
Comemorado os 3 anos do(a) garoto(a), aparece a pergunta: “- Não vão ter outro? Ele precisa de um amiguinho.”
Os filhos crescem e são colocados na escola.
O trabalho continua e as perguntas também: Quando você se aposenta?
Aposentado(a), filhos criados e vida estável, só falta lhe perguntar:
Quando você vai morrer?

É claro que existem pessoas que se preocupam com a sua felicidade e querem se sentir participantes dela. Ótimo.
Mas...será que ser feliz é uma obrigação?
E se ela, a tal felicidade, não for alcançada? Serei cobrada por isso?

Não me preocupo em ter respostas pra todas as perguntas, mas quero poder sentar na sacada daqui alguns anos e sentir a felicidade pulsando dentro de mim, sem cobrar pra estar ali, silenciosa, viva e principalmente sem perguntas.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Crônica


Depois de todas as experiências frustradas, ele decidiu abdicar. Para ele, nenhuma mulher merecia suas horas de composição ao piano, seus acordes minuciosamente escritos, suas rimas e muito menos seus pensamentos ao travesseiro. Não se envolveria com mais nenhuma delas. Pelo menos não afetivamente. Nem a decotada, nem a popular, nem a do rebolado, nem a santinha.

Mulher alguma serviria pra ele, porque até aquele momento, todas eram iguais.
Iguais no sentimento de posse, de exclusividade, de exigência e principalmente no desprezo. Umas mais delicadas, outras mais diretas, mas todas direcionadas num único norte: não te quero mais.
Decidira que mataria todas as borboletas que porventura surgissem no estômago, pregaria com alfinete num isopor e faria uma exposição intitulada “elas não mereciam viver”.
Seguiu convicto da sua indiferença para com as mulheres. Usou e abusou da carência feminina e dos hormônios aos 25 anos. Até que alguma coisa mudou.

Ela não passava de uma mulher comum. Não tinha nada de grande. Nem curvas, nem conta bancária, nem influência, nem popularidade. A única coisa que possuía eram sonhos. Gigantescos. Olhos amendoados, cabelo presos de forma desarrumada, um vestido de seda que balançava acompanhando o gingado do corpo. Estava ali, na dela.
Quando ele se deu conta, seus olhos estavam fixos nela.
Decidiu se aproximar, com uma naturalidade única. Sentou como um amigo de infância e começaram a conversar, não se importando com o barulho ao redor. Ele logo foi se apresentando e lançando suas manjadas cantadas na moça. Conforme ele falava, ela se envergonhava e não conseguia conter seu nervosismo. Mordiscava o canto dos lábios e se perguntava da onde surgira aquele rapaz impetuoso.

Tudo o que ele falava, ela o contradizia. Sabia logo de cara que ele era aventureiro e então assumiu a posição que o homem mais odeia: a indiferença. Aí ele se sentiu afrontado. Tão afrontado a ponto de querer descobrir o que ela teria de tão diferente das outras. A moça era determinada, sabia exatamente o que queria numa relação.
Doar-se.
Não apenas ser feliz, mas fazer alguém feliz ao lado dela.

Depois de algumas semanas tentando descobrir, a proximidade dos dois era fato. Ela apresentou a ele seus sonhos e o convidou a entrar neles. Então, ele parou, olhou pra dentro do seu estômago e viu inúmeros casulos lá dentro. Decidiu não abortá-los dessa vez. Sentou ao piano e passou a noite toda compondo, esquecendo-se do dia em que resolveu abdicar de um dos seus maiores sonhos:

fazer parte do sonho de alguém.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

2.1


Sempre ouvi dizer que quando a gente está para morrer, passa um filme na nossa cabeça de todos os momentos vividos. Não acredito estar perto da morte, mas nesse momento está rodando um longa metragem na minha cabeça, bem do tipo ‘baseado em fatos reais’. E como em todo filme do gênero, neste também há perdas. Mas não quero tornar este post negativista, então colocarei apenas takes felizes, já que a dor tendemos a esquecer.

Aprendi com a professora do primário que o homem nasce, cresce, reproduz e morre. Entretanto o que ela não me ensinou foi como passar por essas fases. Talvez nem ela soubesse. Foi aí que percebi que o ‘nasce’ não dependeria de mim, mas o ‘cresce, reproduz e morre’ eu teria que protagonizar, não iria ter jeito.

A primeira fase do ciclo foi fácil e rápido, eu diria. Minha irmã com 2 meses de vida e eu já estava lá, começando a desenvolver naquela meleca toda que era o útero da Dona Marlene.
A segunda fase do ciclo eu ainda vivencio e creio que ela não deveria ser assim dividida, pois é a única que permanece até a morte.


Crescer é muito mais abrangente que apenas estatura. Implica profundidade.
O crescimento veio em diversas áreas da minha vida. Através de muitos erros e alguns acertos. Espiritualmente, aprendi muito sobre a dependência e o amor de Deus, ilimitado e genuíno e quero morrer aprendendo sobre Ele. Também cresci tendo que sair de casa cedo pra estudar, morando sozinha, criando responsabilidades, aprendendo que se privar de algo por falta de companhia só te faz cativo do desejo alheio. O amor dos meus pais e a forma com que eles acreditam em mim, não me faz apenas crescer, mas também desenvolver meu caráter e dignidade.

Quanto ao reproduzir, ainda não chegou à hora, e creio que demorará um bom tempo. Estou à procura de um pai pra criança. Não sou adepta à produção independente.
A última fase do ciclo, o morrer, é o que menos me assusta. Quem sabe pra onde vai, não tem porque temer.

Se eu pudesse, juntaria cada pessoa que amo, colocaria numa mochila e carregaria comigo pra onde fosse, mas não acho que uma mochila seria um lugar muito confortável.
O que quero dizer é que toda essa história de 21 anos chamada Annie foi construída por pessoas que entraram na minha vida, pegaram uma caneta e escreveram uma parte do roteiro. Mesmo essa parte sendo uma grande participação ou apenas uma discreta aparição, ela será fundamental para o resultado final.

Obrigada a cada um que me aturou nestes 21 anos.
O que eu quero de presente? Nem sua sms, nem seu parabéns via MSN, muito menos seu scrapt.

Quero que pegue sua caneta e já vai pensando no roteiro do próximo filme.

To be continued....


ps.: Se sobrar um tempinho, venha me dar um abraço ou me ligue!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Simplicidade

Chegou como chuva de verão, rápida e trazendo aquele cheirinho de terra molhada. A Saudade. Enxarcou minha cabeça de lembranças. E bateu uma vontade que aquele tempo voltasse.
Tocos de árvores trazidos do sítio funcionavam como bancos, cadeiras de fio eram colocadas na calçada e dali a alguns minutos os vizinhos se achegavam, com as suas garrafas de chimarrão, suas crianças e suas conversas embaladas.
Não precisava acabar a energia para que essa cena se repetisse. Era corriqueiro. Ficava pendurada no colo da minha mãe até que ouvia uma gritaria ‘quem quer brincar de pique no ar põe o dedo aqui que já vai fechar e não vai de-mo-rarrrr, tá com você!’ e logo esquecia daquele colo quentinho. Eram compartilhadas histórias, risadas, tristezas e muito amor. Lá a amizade existia.

Naquela rua eu fui feliz, da melhor forma que uma criança poderia ser. Jantava na casa de todos os vizinhos, roubava as flores da velhinha da frente, andava de calcinha e jogava muita areia no cabelo. Ficava na rua até ouvir os berros da minha mãe pra que entrasse. Até entrava, mas aos prantos.

Achei que aquela rua seria meu universo pra sempre. Até que percebi que a Terra também girava pra mim.
Mudei-me e deixei uma parte da minha história lá. Naquela cidade de interior no centro do país onde a simplicidade era a maior das alegrias.

Hoje não janto na minha vizinha, na verdade nem sei nada sobre a vida dela. Não sei do que ela gosta, se tem família , nem mesmo sei seu sobrenome . E talvez nem ela saiba se quem ela cumprimenta é a Annie ou a Stephanie, minha irmã.
Não tenho mais amigos pra brincar de pique no ar e nem rodas de conversas entre vizinhos sem interrupções para ver o jornal.

A maioria dos meus amigos não me ligam mais. Deixam um recado no orkut, no msn ou mandam uma sms. Tenho mais amigos virtuais que reais.
Muitos deles só lembram do meu aniversario porque o orkut os informa. Não posso reclamar, eu também sou assim. Provavelmente não sei o seu aniversário, leitor.

Queria tanto que todos os contatos do meu MSN fossem meus amigos de verdade, daqueles que almoçam na minha casa e batem altos papos com a minha mãe, que caíssem na gargalhada comigo, que tirassem sarro da minha cara e que estivessem presentes pra rodear a mesa do bolo na hora de apagar as velas e bater a foto.

Na verdade o que eu queria mesmo era voltar para aquele tempo, em que não era necessário motivos pra se reunir.
Sinto saudade da Rua Caiçara, lá existia amor nos relacionamentos e as pessoas eram palpáveis.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Abrace



Porque as vezes um abraço é tudo que alguém precisa.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Novo fôlego

Por mais que pedissem para que mergulhasse de colete salva-vidas ela nunca deu ouvidos. Dizia que se era pra descobrir o que havia no fundo, o colete era dispensável, já que limitava a exploração.
Pulou do barco e nadou, até sumir do perímetro delimitado. Gostava de ir além. Era assim em tudo que fazia.
Nadou por águas límpidas e pode enxergar um colorido onde pensava que só existia azul. Sentiu que podia mergulhar mais fundo, e foi. A superfície já não era suficiente. Queria saber se em profundidade existiria uma beleza tal qual encontrara na superfície.
Nadou, mergulhou e afundou. Conseguiu ver peixes de várias espécies, cores de todas as matizes e plantas de diferentes formas. Era um mundo novo. Tão peculiar que parecia ser impossível fazer parte dele.
Quando começou a descer, sentiu o ar rarefeito. A pressão ensurdecia seus ouvidos e decidiu que não teria fôlego suficiente para prosseguir. Decidiu abandonar o mergulho e voltar para embarcação.
Descansou,
descansou e
descansou.
Então, pegou um cilindro de oxigênio, colocou nas costas e voltou para água.
Dessa vez irá mais fundo e conhecerá novos mundos, que mereçam ser desvendados por ela.



quarta-feira, 1 de julho de 2009

Broto de feijão

Bastava um algodão umedecido em água e um grão de feijão para que, daqui alguns dias, eu pudesse vê-lo germinar. Quando o grão rompia e o caule aparecia, era uma alegria só. Depois de alcançado um tamanho suficiente, enterrava-o.

A partir desse dia, entendi a tal da lei da semeadura. Plantei muitos outros grãos. Alguns germinaram, outros morreram em cima do algodão seco.
Também vi várias outras formas de cultivo. Uma delas foi a plantação da inveja.
E por mais paradoxal que pareça, acredite, ela dá frutos. Podres, mas dá.
Os que plantam o amor colhem frutos quase sempre tardiamente, mas sempre suculentos.
O invejoso trabalha em cima da rotação de culturas. Aproveitando o terreno, ele planta a intriga, o egoísmo, a dúvida, injetando da forma mais sutil possível tais sentimentos nos corações alheios. E vai se alastrando como tiririca em gramado. Quando percebe [se é que percebe], está tomado por ela.

Depois de sofrer um pouco com a inveja, parei pra pensar o porquê desse sentimento brotar em alguém. Cheguei a uma conclusão: o invejoso não acredita em si mesmo. Ele acha que a outra pessoa é de alguma forma, melhor do que ele. Seja por características pessoais ou materiais. Insatisfeito com a sua mediocridade, ele busca adeptos.
Até consegue terras férteis, mas na hora da tempestade, só lhe resta seu próprio vento.
Mesmo o amor estando depreciado, eu insisto nessa monocultura. E se gerar um fruto sequer, já valeu a safra.

“O coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos.”

[Pv. 14:30]

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O começo do fim


É engraçado como a gente muda.
Há três anos e meio eu ainda carregava um olhar infantil, um rosto limpo, sem cicatrizes e uma alegria que insistia em se exteriorizar. Então, de repente, eu entro na FOP. O que era pra ser simplesmente uma graduação sem grandes turbulências se torna um campo de batalha.
Daí com ela veio noites mal dormidas, insegurança, preocupações, pressões de todos os lados, medos, dúvidas e uma mistura de sentimentos que por vezes culminaram em lágrimas silenciosas.
Mas a FOP também me trouxe grandes amigos, momentos de cumplicidade, de união, de encorajamento que ficaram incrustados na minha memória. E eu vejo o cuidado de Deus em todos eles, fazendo valer a pena.
Hoje tiramos as fotos pro álbum de formatura. E dá pra ver em cada rosto as cicatrizes. Como li aqui, só tem cicatrizes quem sobreviveu.

Nós sobrevivemos!
Até agora.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Crônica

Naquela manhã os raios de sol não atravessaram a trama da cortina. O escuro ainda estava denso e o silêncio não abriu a boca. Só era possível ouvir o barulho das gotas geladas e tristes molhando o chão e o canto de um pássaro ao longe, escondido em algum telhado protegido da chuva.
O travesseiro esticava seus braços e me segurava, com uma força demasiadamente inanimada. Cedi por mais cinco minutos e o desagarrei, embora quisesse permanecer ali por mais algumas horas.
Abri a janela, ainda envolta no cobertor, e o degradê de cinza anunciava um dia molhado e longo.
Talvez aquele clima todo combinasse mesmo com meu estado de espírito. Não que este fosse nublado ou triste, mas que alguma coisa em comum tinha, isso tinha.
Incerto. Duvidoso. Ainda sem estabilidade. Uma fusão de sentimentos não palpáveis que se confundiam numa cabeça cheia de incertezas quanto ao futuro.
O meteorologista disse que o tempo iria continuar instável por mais algumas semanas.
Mas ele errou.
Hoje acordei com uma luz forte no rosto.
Era o sol me dando bom dia.

segunda-feira, 25 de maio de 2009


Ele arranca os meus melhores sorrisos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pressa


Foi-se o tempo em que as fotos eram tiradas para estampar momentos vividos que merecessem ser eternizados. Eram um álibi contra uma memória sem testemunhas.
Quer ver?

Então vamos à aula prática:
Pegue uma fotografia antiga e observe: provavelmente você irá encontrar sorrisos com expressões sinceras; momentos realmente marcantes, cheios de significado que renderiam muitas histórias; uma roupa que você adorava; um brinquedo preferido; sua primeira ida à praia e inúmeros outros fragmentos da vida.

Agora pegue uma foto atual e observe: sorrisos engessados; roupas com a etiqueta posicionada propositalmente pro lado da câmera; poses-clichês [do tipo ‘paz e amor’, ‘quebrando a coluna à la Gisele Bündchen’]; garotas em posições quase genitais. São fotografados momentos vazios, sem história alguma. Apenas para constar. Uma espécie de banco de imagens.
Com a manipulação destas, já não se pode confiar no que se vê. Uma mulher de pele aveludada, cabelo extremamente liso e olhos marcantes pode não passar de uma adolescente na puberdade, pipocando de espinhas, cabelos revoltos, com uma maquiagem excessiva de traços perfeitamente delineados e um desejo enorme de ser mulher.

Embora eu ache ridículo as adolescentes que se comportam como carne de açougue, recém chegada do frigorífico e pronta pra consumo, eu procuro ver o que há por tráz da maquiagem e do andar desequilibrado sobre os saltos. As pregações de um corpo perfeito, de um par perfeito e de uma vida social ativa, levam-nas a insatisfação pessoal e a busca pela aceitação.

Essa ânsia de parecer mais velha, de chegar a ser a ‘mulher resolvida’ acaba trazendo consigo conseqüências. Relacionamentos prematuros e envolvimentos precoces que impedem a conclusão de fases importantes da vida, como a infância e adolescência. Cada fase possui uma carga gigantesca de aprendizado e é de degrau em degrau que se alcança o topo. A pressa em crescer não trará maturidade, muito pelo contrário. O que fará uma pessoa mais madura ou menos madura são as experiências que ela enfrenta.
Aproveite o seu corpo convenientemente e seja o agora.

Pular fases é não conhecer o jogo inteiro.

sábado, 9 de maio de 2009


Quem pensa assim, é porque não sabe o quanto aquela terra é boooa!

quinta-feira, 7 de maio de 2009


No final de uma quinta-feira ociosa [momento raríssimo] , tive um insight repentino. Comprei meu ingresso, minha pipoca e fui ver o filme ao lado.
Como de praxe em filme brasileiro, não faltou uma dose de cenas apelativas e uma pitada de palavrão [desnecessário].

O bom em ir ao cinema é quando você senta do lado das velhinhas. As gargalhadas são tão discretas quanto o pacote de chitos que elas abrem ainda no trailer e mastigam até os créditos finais.
Não aderi muito a 'filosofia de vida' da personagem, mas deu pra dar umas boas risadas e até uma choradinha, de leve.

Gostei dessa frase;
"O fim nunca é bom. Se fosse bom seria o começo."



segunda-feira, 4 de maio de 2009



Ahh como é bom...

Voltar pra casa.
Dormir no sofá vendo TV.
Feriado.
Cheiro de roupa limpa.
Perfume.
Carinho de mãe.
Conselho de mãe.
Barulho do mar.
Chocolate quente num dia frio.
Nascer do sol.
Tirar o sapato apertado.
Frapê de coco.
Tomar banho demorado.
Barulho de chuva.
Cheiro de terra molhada.
Rir. Até doer a barriga.
Feijão recém cozido da Vó Amélia.
Pizza Hut.
Roupa nova.
Amigos.
Rever velhos amigos.
Cinema.
Sorvete.
Matar a saudade.
Abraço. Bem apertado.
Emagrecer.
Descobrir algo novo.
Igreja.
Telefonema inesperado.
Chocolate.
Música alta.
Cantar junto. Alto e desafinado.
Flores.
Dormir.
Família unida.
Piscina.
Uno.
Viajar.
Fotos. Inúmeras.
Presente fora de data comemorativa.
Apaixonar.
Namorar.
Casar.
Ter filhos.
Envelhecer ao lado dele.
Independência financeira.
Ser arrebatada.
Mr. Pretzel.
Churrasco.
Ar condicionado no verão.
Havaianas.
Férias.
Morango com leite condensado.
Mudança.
Fim de semana.
Ver as promessas de Deus se cumprirem.
Tecnologia.
Cheiro de mato.
Sexta-feira depois das 18:00h.
Dirigir.
Oportunidades.
Conversas construtivas.
Elogio.
Chorar. De alegria.
Ser feliz.

Extremamente feliz.
Simples assim.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

(...)

"Se alguma coisa pode dar certo, por que iria dar errado?" Apenas uma frase e Murphy vai para o banco de reservas. Dá lugar a um jogador um pouco mais experiente, que já caiu, foi suspenso, mas nunca parou de jogar. Corações podem até não ser muito racionais e fraquejar nas horas mais importantes. Mas se é por você, o meu nunca desiste.

Me espera.

(Milena Gouvêa)
http://www.blogdamilena.blogspot.com/

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Humor


Testado [inúmeras vezes] e aprovado!
Créditos: euhein.blogspot.com

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Se vira!

Ahhhhh! A tecnologia.

Como facilita a vida de quem mora só.
Estava eu pronta para o meu banho matinal quando de repente, a bendita da resistência resolve queimar. Pela terceira vez.
Resistência comprada, começa a saga. Como trocá-la?
Das outras vezes, acabei chamando um tiozinho do prédio pra trocar, mas desta vez agi diferente. É agora que aprendo trocar essa joça.
Dá-lhe Google!

E lá fui eu.







Eis que surge um manual prático que lhes apresento:

a) Desligue a chave de energia (se não sabe qual é, desligue a geral);
b) Abra o seu chuveiro e, com a ajuda de um alicate, retire sua resistência velha;
c) Encaixe a resistência nova, certificando-se de que não há folga nos conectores;
d) Feche o aparelho, abra o registro da água com ele desligado.
e) Pronto! É só ligar a chave geral.

Resultado: Descobri outras utilidades para a famosa faca de serrinha: chave de fenda e alicate.
Terminei toda encharcada.
Mas ele ta lá, novinho e com a água mais quente do que nunca.

Eeeeeee \\\o///

Vazio

Eu admiro Pedro.

Lembro-me de quando, ainda criança, recebia um 'muito bom' ou 'parabéns' em alguma tarefa escolar e a primeira coisa que fazia era correr para mostrar para os meus pais, orgulhosa, batendo no peito e dizendo pra quem quisesse ouvir [e pra quem não quisesse também] que era eu quem tinha feito.

Tá! E o que essa história infantil tem a ver com Pedro?
Estava eu passeando por Atos 3 e cheguei ao versículo 12, que diz o seguinte:

"E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?"

Este trecho fala a respeito da cura de um coxo que pedia esmola na porta do templo, até que um dia Pedro ordenou que ele se levantasse e andasse, no nome de Jesus.

O que me impressiona nesta passagem é a plena consciência de Pedro de que o milagre só ocorreu devido ao poder que há no nome de Jesus e que a sua participação foi meramente coadjuvante. Pelo discurso apresentado, ele deixa claro o seu papel de instrumento apenas, que nenhum poder provia dele.

Fico me imaginando no lugar de Pedro. Sinceramente, acho que se fosse eu, no fundo, mas lá no fundo, a criança da pré-escola iria ressurgir. Cheia de si, orgulhosa, maravilhada e distante de Deus.

A natureza humana gosta de confetes, de reconhecimento, de destaque. É inerente.

Mas com Pedro não. Ele estava cheio do Espírito Santo, apaixonado por Cristo e totalmente vazio de si mesmo. Reconhecia e estampava a glória de Deus.


Como eu disse, eu realmente admiro Pedro.
Mais do que isso, quero ser como ele.

terça-feira, 21 de abril de 2009



Mexa-se!

segunda-feira, 20 de abril de 2009


Take my life - Third Day

How many times have I have turned away
The number is the same as the sand on the shore
Every time You’ve taken me back
And now I pray You’ll do it once more


Please take from me my life
When I don’t have the strength
To give it away to You
Please take from me my life
When I don’t have the strength
To give it away to You, Jesus


How many times have I gone astray
The number is the same as the stars in the sky
Every time You’ve taken me back
And now I pray You’ll do it tonight


Tá no You Tube!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Superficial

Barulho.
Melhor esperar.
Ter alguém no hall pra dividir o elevador é sempre constrangedor, até porque o assunto é sempre o mesmo: a condição climática.
‘- Que calor! Acho que vai chover!
- Espero mesmo. Tá precisando né?!’
Pronto. Assunto suficiente entre o 3º andar e o térreo.
Sem delongas e profundidade.

Hora de comprar passagem:
‘ - Qual poltrona a senhora deseja?
- Aquela em que a poltrona do lado também estiver vazia, por favor.’

MSN:
- Fulano acabou de entrar
( Meoo, que cara chato!)
- BLOQUEADO!

Com certeza você, assim como eu, já se viu em alguma das situações acima.
Confesso que já me envolvi em várias delas. Principalmente naqueles dias em que acordo de mal com o sol, embora saiba que o dia será deveras quente.

Quando entro no elevador, a minha vontade é matar o assunto chato do tempo e entrar numa conversa menos superficial, mais descontraída e engraçada. Não há nada mais gostoso que encontrar alguém capaz de arrancar uma gargalhada sua logo nas primeiras horas do dia.
Sabe aquela pessoa que em 5 minutos faz um amigo pra toda a vida? Que onde entra mantém uma conversa agradável e quando sai, o outro pensa: ‘Que cara da hora! Eu quero ser amigo dele.’
Pois é, se você é assim, eu te invejo.

O problema hoje é que evitamos relacionamentos. Tornamo-nos superficiais, frios e indiferentes, a ponto de não confiarmos mais em ninguém.
Preferimos enfiar um fone no ouvido, aumentar o volume ao máximo e deixar que o mundo outside se exploda, desde que não tire nossa constância e estado de comodismo.
Estamos tão acuados que quando alguém nos sorri, olhamos para o lado e pensamos: será que é comigo?
Educação se tornou artigo de luxo e desacostumamos encontrar pessoas abertas a relacionamentos sinceros, sem intenções.

Nessas minhas viagens de volta pra casa, até engatei algumas conversas interessantes no ônibus e sempre fluíram bem, até resolver abortá-las e pedir licença pra cochilar. Será que meu sono é mais importante do que um relacionamento de no máximo 4 horas?
Pode até ser, mas dormindo não se aprende mais nada. Apenas processamos informações já obtidas durante o período em que nos mantivemos acordados.

Para ajudar, inventaram o MSN.
O mensageiro instantâneo que é capaz de despir uma pessoa da sua timidez e torná-la tão aberta que quem a conhece, não a reconhece virtualmente. Perde-se a vergonha, as meias palavras e a identidade. Enchemo-nos de coragem e falamos coisas que jamais falaríamos se não estivéssemos em frente à tela do computador. Tornamo-nos covardes ao extremo.
Esquecemos que scrapts podem ser trocados por telefonemas em que é possível ouvir a expressão de felicidade do outro lado da linha, que e-mails ainda podem ser trocados por cartas escritas a mão, que simples expressões faciais nos entregam, que conversas podem durar mais que 5 minutos e que ainda existe a possibilidade de olhar nos olhos e pedir desculpas.

Da próxima vez que encontrar alguém no elevador, tentarei ir além das condições climáticas.

sábado, 4 de abril de 2009

Vassoura, Balde, Pano de Chão e Fé



Se tem uma coisa que tive que aprender a fazer é limpar a casa.
E em meio a vassoura, balde e pano de chão cheguei a conclusão que minha alma também precisa de uma faxina, daquelas bem caprichadas.
Afastar móveis, tirar a sujeira debaixo do tapete e deixar de guardar tranqueiras em caixas que se avolumam dentro de mim.
Mas calma. Um cômodo por vez. Faxina exige prioridade.
De preferência o que está mais bagunçado primeiro.

Comecei a questionar como anda a minha relação com Deus e o texto abaixo me instigou a isto.

" Todo cristão concordaria que a saúde espiritual de um homem é exatamente proporcional ao seu amor por Deus. Mas, por sua própria natureza, o amor do homem por Deus sempre deve ser, em grande parte, um Amor-Necessidade. Isso é evidente quando imploramos o perdão de nossos pecados ou auxílio em nossas tribulações. A longo prazo, é talvez ainda mais claro em nossa consciência crescente de que todo o nosso ser, por sua própria natureza, é uma grande carência: incompleto, preparatório, vazio e ao mesmo tempo desordenado, clamando por Aquele que é capaz de desatar os nós e atar o que estiver em dispersão." (C.S. Lewis)


Concluir que sinto esse Amor-Necessidade me deixou, de certa forma, envergonhada. Eu digo 'de certa forma' porque ao mesmo tempo que tenho plena consciência da dependência do amor de Deus, que não seria capaz de viver sem Ele, também me sinto, muitas vezes, como uma criança em uma loja de brinquedos, implorando ao pai que lhe dê mais um. O pai nega e ela começa o jogo da troca de favores. E convenhamos, tal situação é constrangedora.


Ir aos cultos apenas para buscar bênçãos, sentir-se amado, enchendo sua alma de convencimento e saindo de lá empanzinado da Palavra é assaz medíocre, principalmente quando não há reflexo no que se vive. Amar a Deus independente do que se pode obter dEle, simplesmente pela sua existência é, para mim, um caminho sinuoso.


Sinuoso porque a necessidade de obter alguma bênção ou solução para os meus problemas, por vezes, se sobressai nas minhas orações em relação a minha devoção plena a Deus, àquela que não exige concedimento algum.
Mas ainda bem que faxina serve pra limpar o que está encoberto de poeira e desfazer-se daquilo que não presta.


Pena que toda faxina dura pouco tempo e precisa ser refeita periodicamente.
Já estou com as mangas arregaçadas.
Pronta pra outra.

domingo, 29 de março de 2009

Confesso



Arrependimento: 1.Sentir mágoa ou pesar por falta ou erro cometido; 2.Mudar de procedimento, de parecer.

Não concordo com a primeira definição do Aurélio sobre o arrependimento. Acho que mágoa não é o substantivo adequado. Talvez pesar se encaixe melhor.
Entretanto, a segunda definição é perfeita e vai nortear minha explanação daqui por diante.

Volta e meia eu escuto a frase: “Eu só me arrependo daquilo que eu não fiz”.
Isso realmente me irrita. Profundamente.
Primeiro porque somente aqueles que são sábios o suficiente sabem que o arrependimento é uma oportunidade. Uma condição de humildade tal que faz o indivíduo reconhecer o próprio erro, evitar repetí-lo e mudar de parecer. Frente a uma mesma situação futura, ele é capaz de olhar pra trás, repensar seu posicionamento e agir diferente.

Segundo que o arrependimento é um tratamento de alma. Quando nos arrependemos tratamos nossas emoções, reconhecemos que o problema está em nós sim e restabelecemos nossos princípios e valores.
Arrepender-se somente daquilo que você não fez é dizer que todas as atitudes tomadas até o presente momento foram coerentes, perfeitas e compensaram qualquer esforço. Tudo aquilo que não foi feito, ainda pode ser realizado. Já aquilo que foi feito, concretizado está. E só há duas opções. Ou foi feito certo ou errado. O verbo no pretérito perfeito indica uma ação concluída. Sem volta.

Todavia, ninguém acerta sempre. Há erros exponenciais que cometemos e que ainda vamos cometer. Erramos e sabemos disso.

Já menti, já julguei, já omiti, já fui indiferente, já tomei decisões erradas, já criei situações embaraçosas, já rejeitei, já tive preconceitos, já envergonhei pessoas, já fui intolerante. Já cometi tantos outros inumeráveis erros e me arrependo sim. De cada um deles. Um a um. Sem nenhuma faceta de hipocrisia.

Talvez você não concorde com este post, mas eu te desafio.
Experimente o arrependimento, ele alivia fardos e oferece um novo começo.
* * *
Quero aproveitar o post para agradecer a todos pelos comentários e principalmente pelo carinho.
A opinião de vocês é muito importante. É ótimo saber que não são só as paredes que me ouvem.

terça-feira, 24 de março de 2009

Reboliço


Esse negócio de apaixonar-se é a coisa mais louca do universo. Do nada, um sujeito que não passava de um copo de água quente num dia de 40 graus torna-se uma garrafa de água estupidamente gelada. Transforma-se no cara mais bem dotado, com características bem peculiares nunca dantes apreciadas, responsável por pensamentos soltos e pelo olhar perdido. Então, você se torna vulnerável e percebe que o muro de pedra também possui fendas.

Mas fato é: nada mudou. Nada. Exceto você.
Seu modo de ver as coisas começa a sofrer de miopia. O que era claramente nítido, agora ficou embaçado. A estrada perdeu as faixas e não se sabe se a partir dali é permitido ultrapassar ou se é melhor esperar a terceira faixa.

O mais assustador desse reboliço todo é quando, depois de passada a fase “por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo” você acorda e percebe que o bolo confeitado da festa de casamento aparentemente delicioso era de biscuit.

Resultado: frustração.

O amontoado de ilusões construído sobre uma pessoa acarreta responsabilidade sobre ela, responsabilidade tal que esta ,muitas vezes, não é capaz de assumir. Não por incompetência, mas porque as expectativas de outrem não condizem com as desta. A frustração não é com a pessoa em si, e sim com o que criamos como padrão ideal para nos completarmos através dela. Bem egoísta, é fato. Afinal, é mais fácil transferir responsabilidades.

Colocamos a culpa no irmão quando destruímos algo, no professor quando as notas estacionam no vermelho , no trânsito quando nos atrasamos, nos bancos quando caem juros sobre juros. Assumir que fomos nós, ou melhor, que somos nós, traz conseqüências e esquivar-se se torna mais cômodo.

Admirável mesmo é aquele que se doa sem exigências, que não compra uma idéia barata de felicidade e nem imputa a outro a obrigação de fazê-lo feliz.
Se existe?
Tenho lá minhas dúvidas.
Mas apaixone-se.

Pode valer a pena.

Boas Vindas

Olá a todos!
Quem diria que depois de 7 anos eu estaria fazendo outro blog.
Espero fazer deste aqui bem diferente daquele meu falecido blog adolescente de 2002, cheio de cores e sem espaço pra colocar um dedo sequer na tela.
Decidi abrir este espaço para jogar no ventilador todas as minhas idéias, rabiscos, pensamentos, tudo que acho interessante e que mereça (ou não) ser compatilhado.
Sintam-se à vontade para comentar, elogiar ou tacar pedras, pro lado de cá talvez elas não ultrapassem. Mas caso aconteça, talvez faça uma sopa com elas.
Obrigada pela visita.
Serão sempre bem vindos, enquanto durar este blog.