terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Com você.

Três horas de viagem.

Mais uma vez estava eu no meu assento, olhando através do vidro da janela e deixando meus pensamentos soltos, com uma preguiça de segurá-los em minha mente.Vagavam. Como guardas em horário de ronda, sondavam repetidas vezes caminhos desertos, quase sem movimento, buscando encontrá-lo. Era rotina. Estava acostumada com a independência e não ter te conhecido até aquele momento era sentir que parte de mim ainda tinha muito do que se alegrar.

Sessões de cinema, compras, saídas noturnas, decisões, escolhas, sempre foram individualistas até você chegar e fazer eu perceber que a matemática pode errar e que divisão também resulta em soma.

Agora que te encontrei, quero descobrir-te.

Descobrir se és dia ou noite, praia ou campo. Se prefere café ou chá, se sua testa fica enrugada quando está preocupado, se gosta de MPB ou sertanejo. Descobrir se você chora e porque choras, saber o que te deixa constrangido e o que te faz sentir confortável. Se tem medo e do que os têm, o que te causa pânico, se cozinha bem, se um filme é capaz de emocioná-lo, se és manhoso quando fica doente ou se finge ser inabalável.

Quero descobrir uma parte de você que só aflora quando em minha presença, sentir saudades ao ouvir sua música preferida, ouvir seu coração em solavanco quando te beijo e sua palpitação quando encosto meu ouvido ao seu peito. Quero poder acordá-lo com um telefonema no meio da noite, só pra poder dizer que sinto sua falta. Saber qual é sua reação quando perde e como comemora suas vitórias. Quero saber o nome do seu perfume e qual a roupa que não tira do corpo.

Quero poder correr e depois pular em você entrelaçando minhas pernas a sua cintura, assim como meu coração está entrelaçado ao seu, sem nós, atados de forma precisa.

Depois de alguns anos, cá estou de novo, sentada na mesma poltrona. Mas desta vez, de todas as minhas vontades, o que mais quero é chegar, sair dessa poltrona e matar a saudade da minha metade que ficou em você, desde a última vez que te vi.


Aquela vez, quando você sorriu e acenou pra mim, no dia em que descobri o que é estar apaixonada.