quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tesouro


Não raro abro minha caixa de entrada e me deparo com e-mails sobre o valor da amizade.
As fotos ilustram amigos reunidos, se divertindo, legendadas de palavras de afeto. Até aí, ótimo. Comovente.
Com um click, mando tudo pra lixeira. De nada vale um texto poético se na maioria dos relacionamentos não há profundidade.

Confesso que o tempo e as corunhadas recebidas me deixaram, de certa forma, fechada a novas amizades, mas na realidade o que a ostra mais deseja é abrir-se e sair da superfície.
Rodas de conversas sobre homens, mulheres, futebol, moda, dinheiro, são comuns entre amigos, mas se colocássemos todos os nossos 'amigos' enfileirados apoiado em um muro, qual realmente apontaríamos como amigo de fato? Com qual deles eu poderia ser transparente e mostrar meu lado mais miserável e covarde? Qual deles seria o amigo que choraria a mesma lágrima que a minha?
Um, dois, três no máximo, das 1009048349830 pessoas que já passaram pela minha vida.


Precisa-se, ou melhor, preciso de amigos pra chorar de rir, ou simplesmente pra chorar. Daquele tipo em extinção, que não precisa de muitos motivos pra se estar junto, mas quando o faz, é capaz de trazer a tona a minha melhor parte, faces das quais só sou capaz de recordar-me quando em sua presença.

Necessito do amigo não-oportuno, daquele que empresta o ombro, a casa, a família e até o $ se for preciso. Do amigo perto, presente, ouvinte.


Se você já tem os seus tesouros, conserve-os como raridade.

Se não os tem, abra-se. A ostra pode produzir pérolas preciosas.